terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Melhores quadrinhos de 2011...

Quando 2010 terminou, estava evidente o grande momento que os quadrinhos estavam vivendo. E isso não só se consolidou, como se expandiu em 2011. Foi um ano marcante para quem é fã da nona arte.

Mais de 50 editoras investiram em títulos e quadrinhos, com materiais de diversos países e excelentes opções para os mais variados gostos e bolsos.

Além das que tradicionalmente figuram no checklist do Universo HQ e das que publicam de modo mais esparso, estrearam: Tordesilhas, Tinta Negra, Dobra, Almedina, A Bolha, Qualidade em Quadrinhos, Jambô, Flaneur, SM, Pensamento, Scipione, Marco Zero e Draco.

No entanto, duas estreantes de 2010 não lançaram mais quadrinhos até o momento: a Garimpo e a Terceiro Nome.

Para os quadrinhos nacionais, 2011 foi outro grande ano. Muitos autores publicaram, por editoras ou de forma independente. Novamente, seria possível listar, sem dificuldade, 20 HQs brasileiras de ótimo nível publicadas nesse período.

Na internet, dezenas de autores continuam a expor seus trabalhos em sites e blogs, mas uma notícia que chamou a atenção foi o espaço que o Ig Jovem abriu para séries online de cinco autores: Rafael Albuquerque, Rafael Coutinho, Eduardo Medeiros, Raphael Salimena e Rafael Sica. Pena que a iniciativa tenha durado apenas seis meses e o contrato não tenha sido renovado.

Mesmo com esse bom momento criativo, o ano terminou com a discussão de uma lei de cotas para o mercado nacional de quadrinhos, que, se passar pelas lideranças do Senado, irá para assinatura ou veto da presidenta Dilma Rousseff. O assunto dividiu opiniões e foi discutido no Blog do Universo HQ e em outros veículos pela internet.

Em 2011, houve um recuo no número de títulos de quadrinhos selecionados no PNBE - Plano Nacional da Biblioteca Escolar, mas, em contrapartida, os negócios diretos de editoras com prefeituras de todo o Brasil, para uso de quadrinhos em salas de aula, continuam dando mostras de expansão.

Tanto que aumenta cada vez mais o número de adaptações literárias em quadrinhos, de olho nos planos governamentais de incentivo à leitura. É o gênero que mais cresce, ao menos em número de títulos e editoras.

Outro bom indicativo do aumento do interesse pela arte sequencial foi o crescimento no número de eventos pelo Brasil. Nunca, num mesmo ano, tivemos tantos.

Enquanto isso, fora do País, os brasileiros Gabriel Bá e Fábio Moon ganharam o Eisner, o Harvey e o Eagle, por Daytripper, e Rafael Albuquerque foi premiado, por seu trabalho em Vampiro americano (que sai na revista Vertigo) no Eisner e no Harvey.

Nas bancas, a Disney parece ter retomado o ritmo de lançamentos de outrora. Tanto que a Abril voltou a ter um bom número de títulos nas bancas mensalmente. O ponto alto foi a coleção Pateta faz História

Ainda nos quadrinhos infantis, em Turma da Mônica Jovem, os leitores viram Cebolinha e Mônica enfim começarem a namorar, numa edição que teve 500 mil exemplares de tiragem e foi repercutida até nos Estados Unidos, pelo site Bleeding Cool, que a comparou ao sucesso do primeiro número de Justice League, após a reformulação da DC.

Nos mangás, a Conrad cancelou oficialmente One Piece, Dragonball - Edição Definitiva, Sanctuary, Monster, Megaman, Neon Genesis Evangelion e, possivelmente, Vagabond - A história de Musashi. Mas, pelo menos, concluiu Battle Royale e retomou Cavaleiros do Zodíaco - Episódio G.

Ao mesmo tempo, as outras editoras de mangás aproveitaram para adquirir os direitos de algumas séries interrompidas pela Conrad e também de novos títulos.

A JBC lançou Neon Genesis Evangelion, Bakuman, Kobato, Code Geass - Nunally, Summer Wars e Ga-Rei, dentre outros.

E a Panini anunciou Dragon Ball, One Piece, Monster, Black Butler, Mad Love Chase e 20th Century Boys. E ainda colocou no mercado títulos como Air Gear, Zone 00, Deadman Wonderland, Karin, Sora no Otoshimono, 07 Ghost e Blood Lad.

No gênero super-heróis foi nítido o crescimento de materiais voltados para livrarias. A Panini tem apostado bastante nos encadernados (em capa dura ou cartonada), ao mesmo tempo em que, nas bancas, suas revistas mensais e bimestrais parecem não correr riscos.

Uma iniciativa interessante da editora para atrair leitores (novos e antigos) foi lançar Marvel + Aventura e DC + Aventura a R$ 1,99.

Bem, após esse rápido resumo, é hora de conhecer os melhores de 2011. Foram selecionadas 20 obras inéditas e 20 relançamentos. Os critérios na escolha foram: ser, literalmente, uma história em quadrinhos (livro ilustrado não vale) e ter sua publicação iniciada ou concluída durante o ano passado.

Um critério que trazia bastante confusão em nossas listas anteriores era o de considerar como inéditas obras que tivessem parte de histórias republicada e parte de material que nunca havia sido publicado por aqui. Para tentar "arrumar a casa", desde 2008, passaram a ser consideradas inéditas apenas obras que tiverem mais da metade de suas páginas de HQs nunca lançadas no Brasil em formato de revista ou álbum.

Um caso à parte são algumas coletâneas de tiras. As que já haviam sido lançadas em álbum, caso de Calvin & Haroldo, entram no time das republicações. Mas as que haviam saído em jornais ou na internet, mas cujo material ainda não tinha sido completamente compilado em livro ou revista, casos de Níquel Náusea, Um sábado qualquer..., Diário de um casal, Ordinário e algumas compilações da L&PM.

Por fim, uma lembrança: até 2009, indicávamos também os dez melhores títulos regulares (revistas mensais e aqueles com duração limitada, que não foram concebidos como minissérie). Nesta lista, eles não estão presentes, pois este jornalista e a equipe do Universo HQ não estão mais acompanhando todos.



Então, confira a seguir, em ordem decrescente, os melhores lançamentos de 2011.

Obras inéditas

20) Quando lá tinha o muro... (Tinta Negra) - Lançado com uma divulgação parca por parte da editora, este livro do cartunista alemão Flix reúne 30 histórias de três páginas, sempre com depoimentos em primeira pessoa, de pessoas que viveram nas Alemanhas Ocidental e Oriental, antes da queda do Muro de Berlim. Tem de gente que morreu tentando passar de um lado a outro, de espiões dentro da própria família, de um homossexual torturado por amar um homem da "nação inimiga" etc. Nem todas são excelentes, mas há muitas primorosas, tocantes. Além disso, vale enaltecer o traço simples e o excelente trabalho de cores do autor.



19) Sandman apresenta - Os caçadores de sonhos (Panini) - A história da raposa que faz uma aposta com um texugo para ver quem conseguia fazer um jovem monge abandonar seu templo, no Japão, mas acaba se apaixonando pelo homem, já foi publicada no Brasil como livro ilustrado, escrito por Neil Gaiman e com arte de Yoshitaka Amano. Nesta versão, o P. Craig Russell a transforma em (mais) uma atraente HQ do universo de Sandman. E, como atestou o resenhista Liber Paz, a trama parece funcionar melhor em quadrinhos do que como conto, graças ao poder de síntese do autor, que transforma trechos inteiros do texto em sequências visuais belíssimas.



18) Os mortos-vivos - Volume 5 - A melhor defesa (HQM) - Depois de quase um ano sem nenhum álbum, a HQM retomou Os mortos-vivos com uma edição impactante. Na trama, Rick Grimes e seu grupo estão vivendo no antigo presídio numa aparente tranquilidade. Então, é descoberta outra comunidade de sobreviventes, e o pior do ser humano vem à tona, na figura do seu líder, que se intitula "governador" e comete atrocidades que deixam o leitor ansioso pela próxima página. Mesmo com a arte de Charlie Adlard não sendo nenhum primor, o roteiro de Robert Kirkman mantém a tensão sempre em alta. Em 2011, saíram mais dois volumes da série.



17) Tex Gigante # 25 - Na trilha do Oregon (Mythos) - Uma pena que alguns leitores tenham preconceito pelos fumetti da Sergio Bonelli Editore, pois isso os afasta de grandes HQs, como a deste álbum. Tex e Kit Carson estão à caça de um assassino e, como seguem na mesma direção, acabam ajudando um grupo de mulheres que precisa atravessar os Estados Unidos para casamentos arranjados pelo correio. O roteirista convidado é Gianfranco Manfredi, de Mágico Vento, que dá uma aula de construção de personagens e de amarração de tramas. E a arte, de encher os olhos, é do argentino Carlos Gomez. Um Tex gigante na acepção da palavra.



16) A Casta dos Metabarões - Tomo Quatro (Devir) - Depois de lançar um álbum por ano, desde 2008, a Devir encerrou a série em grande estilo. No arrebatador final da saga, o Cabeça-de-Aço enfrenta seu sucessor para dar continuidade à tradição de sua casta, mas as implicações do confronto acarretarão mudanças drásticas no destino do Universo. Alejandro Jodorowsky, novamente, demonstra todo o seu talento, ao dar uma virada surpreendente na trama - que conduziu sempre mesclando aventura, sensualidade e humor (cortesia dos robôs Lothar e Tonto). E os belíssimos desenhos de Juan Gimenez tornam tudo ainda mais espetacular.



15) Encruzilhada (Leya / Barba Negra) - Nas cinco histórias deste álbum, Marcelo d'Salete explora personagens que vivem à margem da sociedade paulistana. Mas o melhor é que, além de universais, todas são atualíssimas. O autor mostra que, mesmo com a ascensão econômica das classes C e D, ainda existe opressão, "que tem gente que, por mais que o País se desenvolva, ainda não recebeu convite para a festa", nas palavras do jornalista Eduardo Nasi. Outros pontos altos de Encruzilhada são o traço "sujo" e a narrativa que foge do modelo tradicional, pois é entrecortada, brusca e com enquadramentos nada lineares.



14) Birds, de Gustavo Duarte (independente) - Desde que enveredou pelos quadrinhos, em 2008, Gustavo Duarte tornou-se assíduo frequentador das listas de melhores do ano. Primeiro com Có!, depois com Taxi e, agora, com Birds, em que a trama se desvenda à medida que dois irmãos pássaros, donos do escritório de contabilidade Palhares & Palhares, chegam para trabalhar e topam com uma visita inesperada. De novo, o autor fez uma HQ divertida, sem nenhum texto, recheada de nonsense, mesclando humor e terror e com desenhos absurdamente expressivos - a sensação é de que os personagens vão se mover nas páginas, tamanha a fluidez da arte.



13) Lucille (Leya / Barba Negra) - Na França, este álbum ganhou os prêmios René Goscinny e da La Nouvelle Republique. E fez por merecer. A trama é focada em dois personagens. A primeira é a adolescente Lucille, insegura, superprotegida pela mãe e que, atormentada pelas agruras da puberdade, desenvolve anorexia. O outro é Arthur, que carrega o medo de herdar do pai a "carreira" de pescador do pai e o alcoolismo. Quando os dois se conhecem, decidem fugir dessa triste sina. Com um traço que nem beira o padrão estético da maioria das HQs, o francês Ludovic Debeurme conta uma história inquietante, que continua em Renée.



12) Morro da favela (Leya / Barba Negra) - André Diniz retrata as memórias do fotógrafo Maurício Hora, morador do Morro da Providência (ou Morro da Favela), no Rio de Janeiro, a primeira favela brasileira. Da infância como filho do primeiro traficante de drogas do local ao reconhecimento em sua profissão, a HQ aborda a relação do protagonista com a vida e a morte, a polícia e os bandidos, a prisão e a liberdade, o contraste entre o morro e o asfalto. O resultado é um belo álbum, que atesta que as favelas brasileiras têm muita coisa para mostrar além de drogas, tiroteio e samba. E, no final, ainda tem um bônus: fotos coloridas de Hora.



11) Castelo de areia (Tordesilhas) - Com roteiro do documentarista francês Pierre-Oscar Lévy e arte do suíço Frederik Peeters, a trama gira em torno de duas famílias, um casal e um misterioso homem árabe que acham um cadáver numa praia isolada. O espanto e as suspeitas aumentam quando percebem que, em poucas horas, as crianças entram na puberdade e, logo, na vida adulta, enquanto os adultos envelhecem e os idosos tornam-se anciãos - e morrem. Uma história intrigante. Pena que o final não traz as respostas que o leitor anseia. Mas, apesar do final "aberto", é uma grande HQ, que concorreu a melhor álbum em Angoulême em 2011.



10) Valente para sempre, de Vitor Cafaggi (independente) - Esta coletânea das tiras do jovem e sonhador cachorro antropomorfizado mostra como a vida de Valente muda no dia em que troca olhares e se apaixona pela gata Dama. Com muito humor (há várias situações tragicômicas) e um desenho lindo e cheio de expressão, Vitor Cafaggi encanta o leitor. Mas o maior talento do autor, sem dúvida, é sua sensibilidade para transmitir os sentimentos, esperanças, inseguranças e decepções do protagonista. Como na vida real, a história não termina com o desengano ou com o sucesso em um encontro. Há sempre o dia seguinte e ele pode trazer grandes surpresas.



9) Daytripper (Panini) - Após liderar listas de best-sellers nos Estados Unidos e ganhar os prêmios Eisner e Eagle, enfim Daytripper chegou ao Brasil. As várias histórias (e mortes) de Brás de Oliva Domingos chamam a atenção não só pelo roteiro e pela arte, mas pela narrativa e pelo cuidado dos autores na pesquisa dos elementos que compõem os cenários das diferentes épocas retratadas. Como era previsível, nem todos os dez capítulos autocontidos mantêm o mesmo nível, mas os de número 5, 8 e 10 são excelentes. E a obra como um todo é, sem dúvida, o grande trabalho dos gêmeos Gabriel Bá e Fábio Moon até agora.



8) MSP Novos 50 - Mauricio de Sousa por 50 novos artistas (Panini) - Vale citar que o editor desta obra é este jornalista. Mas não dá para ignorar o livro que fechou a trilogia MSP 50. Como em qualquer coletânea com diversos estilos e gêneros, o leitor tende a gostar mais desta ou daquela HQ. Mas um time composto por Rael Lyra, Shiko, Rogério Coelho, Tiago Elcerdo, Lederly Mendonça, Felipe Massafera, Daniel HDR, Mike Deodato, Adão Iturrusgarai, Klévisson Viana e tantos outros merece respeito. Além disso, durante os previews do álbum, o hashtag #MSPNovos50 foi o primeiro título nacional de quadrinhos a figurar nos trending topics do Twitter (chegou a segundo, no Brasil).



7) Preacher - Álamo (Panini) - Finalmente a série chegou ao final no Brasil. Ponto para a Panini, pelo belo trabalho que pôs fim à "maldição" dos vários cancelamentos que a série teve por aqui. Neste desfecho, Garth Ennis amarra todos os plots que espalhou pelo caminho: o mistério do vampiro Cassidy, o relacionamento do pastor Jesse Custer com Tulipa, a perseguição de Starr e seu Graal, o drama do pobre Cara de Cu e, claro, a caça ao Todo-poderoso. E o mais legal é que, apesar do sangue jorrando, das diversas mortes, do clima de terror, perseguição e suspense, no fim das contas, Preacher é uma baita história de amor.



6) Achados e perdidos (Quadrinhos Rasos) - Não bastasse a história de Dev, Pipo e Laura ser uma metáfora interessantíssima sobre a passagem pela adolescência, os diálogos ágeis e a arte dinâmica, este álbum destaca-se também por ser o melhor projeto editorial de 2011. Os autores, Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho, o publicaram com a cooperação de mais de 500 pessoas, que viram um preview na web e colaboraram pela plataforma de financiamento Catarse. Conseguiram mais do que os 25 mil reais necessários para a impressão. Com direito a um CD com uma trilha composta por Bruno Ito para cada capítulo. Um exemplo a ser seguido.



5) Era a guerra das trincheiras (Nemo) - Aos poucos, felizmente, as grandes HQs europeias começam a retornar ao Brasil; e esta é uma delas. O álbum apresenta, em vários contos curtos, a situação brutal e desumana dos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O francês Jacques Tardi, com seu detalhado traço em preto e branco, revela um relato realista e uma denúncia do absurdo de todas as guerras. Era a Guerra das Trincheiras foi publicado originalmente em 1993 e, nos Estados Unidos, ganhou o Eisner Award como melhor trabalho baseado em fatos e melhor publicação americana de material estrangeiro.



4) Quando eu cresci (Ática) - Este álbum marcou a estreia do selo Agaquê, da Ática, para graphic novels estrangeiras e nacionais. E a história do menino Pepe, que atravessa a parede de sua casa e vai parar em outro mundo, é angustiante. A cada novo ser que ele encontra pelo caminho, o leitor sente-se mais curioso para, junto com o garoto, desvendar o mistério que rege a trama. Mérito do roteiro cheio de pistas do suíço Pierre Paquet e da arte belíssima do mexicano Tony Sandoval. E a revelação das cinco páginas finais equivale a um soco no estômago daqueles de fazer a pessoa perder o ar. É difícil não se emocionar com o desfecho.



3) A chegada (SM) - Esta é mais uma HQ que merecia uma divulgação e uma estratégia de vendas (é difícil achar o livro) mais eficientes por parte de sua editora. A história de um imigrante que, como tantos outros, deixa sua terra natal em busca de melhores condições para sustentar a família é tocante. O trabalho do australiano Shaun Tan é primoroso e sua arte "fala" sem usar uma palavra sequer, mesmo para os não versados nos quadrinhos. Decididamente, não è à toa que foi eleito o melhor álbum em Angoulême e melhor livro ilustrado pelo New York Times, no ano de seu lançamento, 2007.



2) Asterios Polyp (Quadrinhos na Cia.) - Outro título referendado pelas conquistas do Eisner e do Harvey (em 2009). A história do professor Asterios Polyp, que no dia de seu 50º aniversário, perde a casa num incêndio e decide mudar sua vida, sua identidade e sua maneira de ver o mundo é envolvente. David Mazzucchelli explora como poucos a "ferramenta" quadrinhos e os seus recursos gráficos. E a trama é tão bem orquestrada, que vale a pena ler a resenha do jornalista Delfin para conhecer os pormenores. O único senão é que a obra exige do leitor uma carga de conhecimento cultural bastante elevado, mas nada que a diminua. Para ler e reler.



1) Três sombras (Quadrinhos na Cia.) - Os três primeiros colocados desta lista tiveram um "empate técnico" para este jornalista. O que definiu suas posições foram detalhes ínfimos. Assim, esta obra, laureada em Angoulême em 2008, ocupa o topo deste rol porque a trama do pai que foge desesperadamente pelo mundo para evitar que a morte leve o seu filho Joachim é uma metáfora brilhante. Mas também porque a arte do francês Cyril Pedrosa (que era animador e trabalhou nos estúdios Disney, em filmes como Tarzan e O corcunda de Notre Dame) é tão fluida, que dá a sensação de movimento de seus personagens. E, principalmente, porque trata-se de uma história que agrada a todos os públicos, mesmo quem não é leitor de quadrinhos. Afinal, com o perdão do trocadilho, Três sombras é uma história de muita, muita luz.

E ainda há várias obras que merecem uma "menção honrosa": Noturno, Necronauta - O almanaque dos mortos, Vigor Mortis Comics, Macanudo # 4, Ocre, Saino a percurá - Ôtra vez e Fierro Brasil # 1, da Zarabatana; Mundo fantasma e Combate inglório, da Gal; o retorno da Calafrio, pelo Cluq; Garra Cinzenta, e Yuri - Quarta-feira de cinzas, da Conrad; Orixás – Do Orum ao Ayê, da Marco Zero ;Koko be good, Kardec, Uma patada com carinho - As histórias pesadas da elefoa cor-de-rosa, e 676 Aparições de Killoffer, da Leya / Barba Negra; Peanuts Completo - Volume 4 - 1957 a 1958, Os Smurfs - O bebê Smurf e Aline - Antrologia, da L± Supernatural - Ascensão e Dororo - Volume 3, da NewPop; Histórias do Clube da Esquina, Oeste vermelho, Dreadstar - Odisseia da metamorfose, Um sábado qualquer..., The Umbrella Academy - Dallas e Projeto Superpowers, da Devir; Conto de escola, da Peirópólis; Percy Jackson & os olimpianos - O ladrão de raios, da Intrínseca; Na colônia penal, Clara dos Anjos, A divina comédia de Dante, Ordinário e Scott Pilgrim contra o mundo - Volume 3, da Quadrinhos na Cia.; os independentes Duo.tone, Mix tape, Golden Shower # 2, Tune 8, O louco, a caixa e o homem, Diário de um casal (D_Leite), Maturi # 3, Zine Supreme e A Batalha de Oliveiros com Ferrabrás (Tupynanquim); A balada de Johnny Furacão, da Flaneur; Fahrenheit 451, da Globo; Y - O último homem - Volume 6 - Menina com menina, Projeto Marvels, Fábulas - Lobos, ZDM - Volume 3 - Obras públicas, Loveless - Volume 4 - A queda de Blackwater, Ex Machina - Volume 6 - Blecaute e Jonah Hex - Falta de sorte, da Panini; DBride - A noiva do dragão, da Jambô; EntreQuadros – Círculo completo e Os passarinhos e outros bichos, da Balão Editorial; O beijo adolescente - Primeira temporada, da Cachalote; Carcará, da Qualidade em Quadrinhos; Corto Maltese - A juventude, Dom Casmurro de Machado de Assis e Otelo, da Nemo; Gênesis Apocalíticos + Os inefáveis, da Marca de Fantasia; A celebração, da A Bolha; Garoto Mickey, da Dobra Editorial; Sete histórias de pescaria do seu Vivinho, da Abacatte; Fantasmópolis, da Ática; Recruta Zero - Os anos dourados, da Kalaco, Groo - A grande crise, da Mythos; Vejo a terra prometida, da WMF Martins Fontes; Para tudo se acabar na quarta-feira, da Draco; e Fernando Pessoa e outros pessoas e Leonardinho - Memórias do primeiro malandro brasileiro, da Saraiva.



Republicações

É importante deixar claro que a lista abaixo não considera como republicações novas tiragens de determinados títulos, casos das edições definitivas de Watchmen e O Cavaleiro das Trevas, por exemplo.

20) Ken Parker - Um hálito de gelo (Cluq) - As aventuras de rifle comprido (como o protagonista também é conhecido) são sempre garantia de bom entretenimento. Quando assinadas pelos seus dois criadores, então, melhor ainda. É o caso deste especial, escrito por Giancarlo Berardi e desenhado por Ivo Milazzo, em que Ken Parker precisa chegar à fronteira dos Estados Unidos com o Canadá, na companhia de um índio que fugiu da prisão e de um fora da lei. Com perigos causados por neve, assaltantes e lobos, a trama mostra por que este fumetto é, mesmo, um western diferente. Pena que a impressão da revista tenha ficado "lavada".



19) Superman Vs. Muhammad Ali - Edição de Luxo (Panini) - Uma publicação com sabor de nostalgia, que reúne o Homem de Aço e o maior boxeador peso-pesado de todos os tempos. Num roteiro com a pegada quase pueril do já distante ano de 1978, Denny O'Neil coloca os dois numa luta de boxe (até Pelé estava na plateia), para ver quem seria o representante da Terra contra o campeão dos alienígenas que ansiavam conquistar nosso planeta - pra haver justiça, o kryptoniano está sob um sol vermelho, que anula seus poderes. Lida com o devido distanciamento histórico, esta HQ é uma diversão e tanto. Ainda mais pela arte exuberante de Neal Adams.



18) 100 Balas - Volume 1 - Atire primeiro, pergunte depois (Panini) - Esta é a quarta vez que este arco inicial da série de Brian Azzarello (roteiro) e Eduardo Riso (arte) é lançado ao Brasil. As duas primeiras foram pela Opera Graphica, em revista mensal e álbum em capa dura, e a terceira pela Pixel, num formato similar ao adotado pela Panini. Nesta aventura, dividida em três partes, o leitor é apresentado a alguns elementos marcantes do título, como o agente Graves, a pasta com as 100 balas não rastreáveis e a chicana Dizzy, que teve marido e filho assassinados brutalmente enquanto estava na cadeia. É um baita cartão de visitas para fisgar a atenção do leitor.



17) Agente secreto X-9 (Devir) - Este álbum apresenta todas as tiras produzidas pelo escritor Dashiell Hammett e o desenhista Alex Raymond para a série - mais um belo resgate da Devir, que fez o mesmo com Luluzinha, Gasparzinho e Tarzan. As histórias se passam na agitada e violenta década de 1930, nos Estados Unidos, quando heróis durões e praticamente invencíveis combatiam o crime com punhos e armas, sempre assediados por lindas garotas. A edição, impressa em sépia, traz ainda um interessante artigo do editor Leandro Luigi Del Manto sobre o protagonista e biografias dos autores. Um clássico da arte sequencial.



16) Curtas e escabrosas (Devir) - Como é bom ver álbuns de André Toral. Pena que ele não produza com frequência. Esta compilação reúne HQs publicadas anteriormente nas revistas Brasileiros, CyberComix, Lúcifer, Animal e Chiclete com banana e mostra que o autor traduz como poucos (ao lado de Marcello Quintanilha e André Diniz) a realidade brasileira em quadrinhos. Neste livro, o leitor vê de aldeias indígenas a tiroteios em favelas, conhecendo tipos como intelectuais, motoboys, judeus degredados, curadores internacionais, traficantes, nazistas, prostitutas, vigaristas e o Carrasco da Mooca, campeão de luta livre e segurança em boates.



15) Palestina - Edição especial (Conrad) - Este volume compila os dois álbuns que o maltês Joe Sacco produziu após realizar centenas de entrevistas com palestinos e judeus, retratando a história de prisioneiros, refugiados, protestantes, crianças feridas, fazendeiros que perderam as terras e famílias destruídas pela guerra: Uma nação ocupada e Na faixa de Gaza. O primeiro, vencedor do American Book Award de 1996, foi o que batizou o gênero jornalismo em quadrinhos. Esta edição foi publicada quando o autor esteve na Flip - Feira Literária Internacional de Paraty, com capa dura, fotos, introdução inédita de Sacco e 20 páginas adicionais.



14) Tarzan - A volta do rei das selvas e outras histórias (Devir) - Continuando com o trabalho de resgatar o trabalho de Joe Kubert à frente do Rei das selvas, na década de 1970, a Devir lançou este segundo álbum, que teve a colorização original restaurada por Tatjana Wood. Os destaques da edição são a adaptação do segundo romance de Tarzan escrito por Edgar Rice Burroughs e outras histórias inspiradas em seus livros clássicos, como Laços de sangue!, Os renegados e O troféu. Além disso, há um extra muito interessante: uma matéria contando a história do personagem no cinema, desde o primeiro filme, de 1918, até os dias atuais.



13) Geraldão espocando a cilibina (Almedina) - Depois da tragédia que aconteceu com Glauco, era esperado o lançamento de uma grande compilação do seu trabalho. A missão foi encarada pela Almedina. A antologia foi organizada e editada por Toninho Mendes, editor da Circo Editorial, e reúne todas as histórias de Glauco publicadas nos dez primeiros números do gibi Geraldão e em outras revistas da editora, lançadas entre maio de 1987 e dezembro de 1988. Também há HQs do Casal Neuras, Doy Jorge, Dona Marta, Zé do Apocalipse e outros. O livro traz ainda uma homenagem de Laerte e textos dos jornalistas Franco de Rosa e Gonçalo Junior.



12) Almas públicas (Conrad) - Marcello Quintanilha apresenta um Brasil construído pelos pequenos sonhos, medos e tragédias de pessoas comuns. A mulher que adora ver novelas, o jogador de futebol da segunda divisão do campeonato baiano, o rapaz que trabalha no lotação, todos ganham vida não só no traço elaborado, mas também no texto. Esse cuidado do autor resulta em personagens e cenários quase reais. Como ressaltou o resenhista Liber Paz, "são sete episódios que parecem fragmentos, pedaços de alguma época ou alguma vida que foram capturados e guardados dentro de um pote de vidro; ou de uma história em quadrinhos".



11) Transmetropolitan - Tesão pela vida (Panini) - Spider Jerusalém voltou. A cidade que o consagrou quer novas histórias. E ele tem. Neste segundo encadernado, o alucinado jornalista se vê às voltas com pautas pra lá de esquizofrênicas. O namorado de sua assistente decide fazer um download nanotecnológico de consciência pra virar uma "nuvem". Uma visita a reservas de cultura humana. A cabeça de sua ex-esposa, que estava congelada, desaparece. E ele ainda tem que escapar de um suposto filho que aparece do nada e de um cachorro falante que quer vingança! Enfim, Warren Ellis em grande fase e arte competente de Darick Robertson.



10) Fantasma - A saga do casamento (Kalaco) - Este clássico dos quadrinhos ganhou uma edição gigante (formato 27 x 36 cm). São seis aventuras em que o leitor confere a história do matrimônio do Fantasma com Diana Palmer, que é apresentada em suas duas versões oficiais, a colorida, das páginas dominicais, e em preto e branco, das tiras diárias, que é uma versão estendida da mesma aventura. Há o pedido de casamento, a cerimônia (com a presença dos convidados ilustres Mandrake, Lothar e Princesa Narda), lua-de-mel e o nascimento dos gêmeos. Tudo escrito por Lee Falk e desenhado por Sy Barry, com o auxilio de André LeBlanc.



9) Capitão América - O soldado invernal (Panini) - É difícil engolir o incessante morre-ressuscita do universo dos super-heróis, mas não dá para negar que Ed Brubaker fez um "retorno do além" convincente na saga que mostra que Bucky Barnes não havia morrido na Segunda Guerra Mundial, mas sim se tornado o Soldado Invernal. O reencontro do personagem com seu antigo mentor, o Capitão América, rendeu uma empolgante aventura em 13 partes. Destaque também para a bela arte de Steve Epting. E a Panini acertou ao lançar este encadernado aproveitando o burburinho causado pela chegada do filme do Sentinela da Liberdade aos cinemas.



8) John Constantine - Hellblazer - Origens - Volume 1 - Pecados originais (Panini) - Merece elogios o esforço da Panini para publicar, em ordem cronológica, o título Hellblazer. Afinal, a vida editorial de John Constantine no Brasil (como atesta o pertinente texto de introdução) foi tão conturbada quanto a do personagem, nas páginas. Este volume traz suas primeiras histórias solo, nas quais ele salva Nova York de uma possessão demoníaca em massa, enfrenta demônios yuppies, resgata sua sobrinha das mãos de um assassino, testemunha o massacre de uma cidade nas mãos de soldados fantasmas e confronta um hooligan de quatro cabeças. Terror em grande estilo.



7) Conan - Edição histórica - Conan: o libertador (Mythos) - O bárbaro Conan já viveu dias melhores em nosso mercado. Hoje, não tem mais título mensal, mas este especial, de 496 páginas, fez jus às suas grandes aventuras nos quadrinhos. São histórias de diferentes fases, que colocam em ordem cronológica as tramas que levaram o cimério a se tornar o rei da Aquilônia. Com os roteiros bastante adjetivados de Roy Thomas e as artes de John Buscema e Gil Kane, o álbum traz ainda um caderno em cores, com as artes de capa produzidas por Earl Norem, John Buscema, Nestor Redondo, Joe Jusko e pelos brasileiros João Silveira e Ricardo Riamonde.



6) Coleção Pateta faz História (Abril) - Esta coleção realizou um sonho antigo dos fãs. Ponto para a Abril, que trouxe de volta uma das mais celebradas séries da Disney - e com algumas aventuras inéditas. Pateta interpretando Leonardo Da Vinci, Isaac Newton, Vasco da Gama, Beethoven, Galileu Galilei, Benjamin Franklin e outros é garantia de diversão. O Brasil foi o segundo país (depois da Alemanha), a publicar Pateta faz História na íntegra, compilando todo o material produzido há mais de 30 anos, nos Estados Unidos, pelo extinto Disney Studios Program, em colaboração com o argentino Jaime Diaz e sua equipe de desenhistas.



5) Gen - Pés descalços - Volume 1 (Conrad) - Poucos leitores sabiam que a primeira versão de Gen, da Conrad, não era a integral. Por isso, foi ótima a iniciativa da editora de lançar, agora no formato original, inclusive com alguns erros do autor Keiji Nakazawa, este clássico dos mangás. Com prefácio de Art Spiegelman e posfácio do crítico japonês Hideki Ozaki, mostra a família Nakaoka sendo vítima de preconceito por serem contrários à Segunda Guerra Mundial. Mas todos os conflitos pessoais são reduzidos quando a bomba explode. Como Lielson Zeni escreveu na resenha do primeiro volume, trata-se de uma "HQ fabulosamente humana".



4) Calvin e Haroldo - Os dias estão todos ocupados (Conrad) - É impossível uma lista de republicações não trazer algum álbum de Calvin. O endiabrado loirinho de seis anos e seu tigre de pelúcia Haroldo, que só ganha vida aos olhos do garoto, são sempre uma leitura agradabilíssima. E o melhor: que resiste ao tempo - vale lembrar que Bill Watterson interrompeu a produção das tiras da dupla em 31 de dezembro de 1995. Este nono álbum publicado pela Conrad traz mais uma compilação repleta de engraçadas estripulias, tendo os pais de Calvin, a professora Wormwood, a garota Susie Derkins e o valentão Moe como coadjuvantes. Impossível não ter saudade desse moleque!



3) Batman - Ano Um (Panini) - Depois de três publicações pela Abril (a primeira em formatinho), a saga escrita por Frank Miller e desenhada por David Mazzucchelli, que reconta a origem do Homem-Morcego, voltou ao mercado pela Panini, numa edição luxuosa, com direito a capa dura, formato maior e 40 páginas de extras como estudos de personagem, trechos do roteiro original e esboços. A história, que recentemente ganhou uma animação, mostra também o surgimento da Mulher-Gato (até então uma prostituta) e a ascensão de James Gordon no departamento de polícia, antes de tornar comissário. Um marco das HQs de super-heróis.



2) Cripta - Volume 1 (Mythos) - Só quem sabe o quanto os quadrinhos de terror da Warren influenciaram as gerações de roteiristas e desenhistas que brilharam na década de 1980 compreende a relevância desta coleção. Relançar aqui as HQs publicadas na revista Eerie foi um golaço editorial da Mythos. Nos roteiros, o destaque é Archie Goodwin, que realmente sabia como contar histórias de terror. E a arte traz nomes como Eugene Colan, Jack Davis, Reed Crandall, Steve Ditko, Frank Frazetta, Rocco Mastroserio, Gray Morrow, Joe Orlando, Angelo Torres, Alex Toth, Al Williamson e outros. Obrigatório para quem desenha, ou pretende.



1) Sandman - Edição definitiva - Volume 2 (Panini) - Apesar da estranha decisão da Vertigo de não incluir no volume o último número de Convergência, este encadernado compila grandes sagas de Lorde Morfeus: Estação das brumas, Espelhos distantes, Um jogo de você e dois dos três números de Convergência. Tudo recolorido, em capa dura e com mais de 100 páginas de extras, como uma galeria repleta de artes baseadas no universo da série (tem Moebius, Alex Ross, Jeff Smith, Terry Moore e outros), as capas originais de Dave McKean, uma história curta publicada em Vertigo Winter's Edge # 1 e o roteiro completo da edição 23 da revista. Uma "embalagem" digna dos envolventes roteiros de Neil Gaiman. Uma boa sacada da Panini para o lançamento foi criar um aplicativo especial no Facebook, no qual Sandman "desvendava" os sonhos das pessoas e a disponibilização de wallpapers na internet.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Que Horror...

Vocês acreditam que o Neymar vai virar personagem de quadrinhos? Que horror até Neymar é como fazer a biografia do Justin Bieber, ele nem tem 20 anos, oque ele vai disser... limpei a bunda!!!








Tem a biografia do Justin Bieber!

Clássico embate de Superman e Muhammad Ali imortaliza o maior ídolo do boxe...


Ninguém sabe se foi intencional, mas a editora Panini colocou nas lojas a HQ clássica que traz o confronto de Muhammad Ali e ninguém menos que Superman, perto do aniversário de 70 anos do maior ídolo que o boxe já teve. A história foi um sucesso quando foi lançada nos anos 1979 e seguia fora de catálogo no Brasil. Os dois heróis precisam se enfrentar para impedir a invasão da Terra por uma raça de aliens belicosos.

A história é pura sandice e, em diversos momentos, cheia de incoerências. E vistas nos dias de hoje, parecem bastante ingênuas. No entanto, quando colocadas em perspectivas com o momento dos quadrinhos nos anos 1970, fazem muito sentido. A primeira coisa a se pensar é a faixa etária dos quadrinhos americanos de super-heróis, voltado para crianças e não para adultos, como acontece atualmente.

E para os fãs de Ali, o mais importante era o caráter histórico da edição, já que no universo dos comics ninguém é mais poderoso e emblemático que Superman, e os dois agora estavam no ringue. Em 1978, quando a revista foi lançada, Muhammad era o pugilista mais famoso do mundo e tinha vencido há quatro anos a luta contra George Foreman em Kinshasa, no antigo Zaire. O momento político foi determinante para o sucesso da edição. Herói do povo, Ali tinha sacrificado quatro anos como boxeador por desafiar o recrutamento e a Guerra do Vietnã.

Bonachão e, até prepotente de certo modo, essa personalidade arisca e auto-suficiente do atleta foi muito bem caracterizada na HQ. Quando os aliens chegam à Terra em busca do mais poderoso, Ali e Superman se enfrentam para ver quem ganha. E como a HQ é uma espécie de homenagem, os fãs do Homem de Aço tiveram de relevar o fato de Muhammad Ali bater de frente com alguém que consegue evitar maremotos e destruir bombas - como os roteiristas fizeram questão de deixar explícito.

Cientes de que tinham uma futura raridade nas mãos, a DC decidiu aumentar o número de páginas da revista, imprimir em formato grande de luxo e colocar na capa nomes representativos do espírito da época, como Cher, Andy Warhol, além de políticos e editores e demais profissionais da DC Comics. Mesmo que o roteiro pareça prolixo, os motivos para amar a HQ e guardá-la como preciosidade na coleção são muitas. Uma delas é a ambientalização dos anos 1970, tão bem feita pela dupla Denny O'Neil e Neal Adams.

A dupla já deu muitos bons momentos nos quadrinhos nos anos 1970 e 80 e ficou famosa por essa HQ que foi chamada à época de "a maior luta do século 20". Por fim, qualquer desculpa é válida para se apreciar a arte de Neal Adams. A Panini lançou Superman Vs Muhammad Ali em um formato luxuoso e por um preço acessível, a R$ 24,90. Boa luta!

Marvel retomou a liderança de vendas no último mês de dezembro...

Em dezembro do ano passado, três meses depois de a DC Comics liderar as vendas de quadrinhos nos Estados Unidos graças à sua reformulação, a Marvel Comics retomou a liderança com uma diferença apertada.

A "Casa das Ideias" teve 39,05% de unidades vendidas no mercado, contra 37,72% da DC. As outras editoras da lista foram Image Comics, com 4,89%, Idea & Design Works LLC (4,43%) e Dark Horse (3,34%).

Dos valores arrecadados, a Marvel teve 34,43% contra 33,74% da DC.

Mesmo assim, a DC ocupou oito posições no top 10 das revistas mais vendidas, contra apenas duas da Marvel, justamente dois lançamentos. Em primeiro lugar, ficou Justice League # 4, seguido por Batman # 4, Action Comics # 4, Green Lantern # 4, Avengers X-Sanction # 1, Detective Comics # 4, Defenders # 1, Flash # 4, Batman The Dark Knight # 4 e Superman # 4.

Dentre as graphic novels e encadernados, o destaque foi Walking Dead Vol 15, que ficou na liderança, mas as republicações dos volumes um e dois ficaram, respectivamente, na terceira e oitava colocações.

Primeiros cancelamentos e novos lançamentos da reformulação da DC...



Cinco meses após a reformulação da sua linha de quadrinhos, algumas mudanças foram anunciadas pela DC Comics. A editora confirmou o cancelamento de seis séries mensais, no próximo mês de abril: Men of War, Blackhawks, Mister Terrific, O.M.A.C., Hawk and Dove e Static Shock. Todas terminarão na edição # 8.

Já em maio, outros seis títulos estrearão. Confira:

Batman Incorporated, por Grant Morrison e Chris Brunham. Em 2011, a editora já havia mencionado que a série voltaria neste ano. Morrison continuará a contar a história da Corporação Batman e a atuação global de seus associados contra ameaças internacionais.

Earth 2, por James Robinson e Nicola Scott. Também confirmado desde 2011, o retorno da Terra 2 e os maiores heróis dessa Terra paralela: a Sociedade da Justiça. Eles combaterão ameaças que os colocarão em rota de colisão com outros mundos.

Worlds' Finest, por Paul Levitz, George Pérez e Kevin Maguire. Perdidas em nosso mundo, Caçadora e Poderosa pertencem a uma realidade paralela e lutarão para conseguir retornar à Terra 2. Pérez e Maguire se revezarão nos arcos de histórias.

Dial H, por China Miéville e o artista brasileiro Mateus Santoluoco. A primeira série mensal em quadrinhos do premiado escritor inglês de fantasia China Miéville é baseada no antigo Dial H for Hero e mostrará uma nova abordagem ao clássico conceito dos efeitos psicológicos em um homem comum que, acidentalmente, ganha poderes e se torna um herói.

G.I. Combat, por J.T. Krul e Ariel Olivetti. Novo título de guerra que apresentará o retorno da clássica série The War That Time Forgot. Além da história principal, trará também aventuras curtas por equipes criativas e personagens rotativos, como o Soldado Desconhecido (por Justin Gray, Jimmy Palmiotti e Dan Panosian) e Tanque Mal-Assombrado (por John Arcudi e Scott Kolins).

The Ravagers, por Howard Mackie e Ian Churchill. Série derivada de Novos Titãs e Superboy, mostrará quatro adolescentes superpoderosos fugindo e lutando contra a organização N.O.W.H.E.R.E., que quer transformá-los em supervilões.

De acordo com entrevista do editor-chefe Bob Harras ao jornal USA Today, o objetivo das novas séries é focar mais o novo mundo criado após a reformulação. Além disso, ele garante que vários personagens das séries canceladas continuarão aparecendo em outros títulos. "Estamos desenvolvendo histórias que terão repercussões globais e até mundos paralelos. Estamos apenas começando", disse.

Já Batman Incorporated se afastará dos conceitos de ficção científica que marcou a passagem anterior de Grant Morrison com o Cavaleiro das Trevas e terá um aspecto mais pessoal, voltado ao drama dos personagens. O título mostrará Batman e seus seguidores se preparando para a iminente guerra contra Talia Al Ghul, a mulher por trás de Leviathan e mãe do Robin atual. "Será um grande drama familiar e Robin será pego bem no meio do conflito", explica Morrison.

Com dois títulos com fortes raízes na Terra 2, Earth 2 e Worlds' Finest, parece claro que o multiverso continua vivo e forte no Universo DC pós-reformulação, apesar de até o momento apenas a Terra 2 ter sido confirmada. E é bom lembrar que a minissérie Multiversity, que há anos é mencionada como um dos projetos de Morrison para explorar o multiverso da editora, não morreu com a reformulação e pode acontecer em breve.

Outra curiosidade fica por conta da confirmação de Ariel Olivetti como desenhista de G.I. Combat. O artista tinha um contrato de exclusividade com a Marvel e, recentemente, expressou descontentamento por seus últimos projetos pela "Casa das Ideias" terem sido cancelados e não haver previsão de um novo trabalho para ele.

A revista Mundo dos Super-Heróis # 30 (formato 20,5 x 27,5 cm, 96 páginas, R$ 14,90) traz como destaque o Dossiê Marvel no cinema: Homem de Ferro, X-Men, Thor, Homem-Aranha, Capitão América - a equipe da revista elegeu os melhores e piores filmes da Marvel. São 22 páginas com bastidores, curiosidades, custos de produção, elenco, bilheterias e novidades para 2012.

O reformulado Superman é tema de uma reportagem sobre a difícil tarefa do Homem de Aço de voltar a ser relevante nos quadrinhos, com as recentes mudanças promovidas pela DC Comics nas HQs e que ainda não estrearam no Brasil.

O leitor confere a história de Ra's al Ghul, um vilão com séculos de vida e um dos mais enigmáticos inimigos que Batman já enfrentou; o desenho Justiça Jovem; uma entrevista com Felipe Massafera; o herói clássico Ka-Zar; e mata a saudade da revista Super Powers.

DC planeja mudar sua marca com novo logotipo...



A DC Entertainment entrou com pedido de marca registrada para o que parece ser um novo logotipo para a editora. O registro dá direito a usar a marca em todo tipo de produtos, desde quadrinhos até camisetas.

Confira a imagem ao lado. Trata-se do logotipo em preto e branco, pois cores não são usadas no processo de registro de marcas. Assim, não se sabe se o tradicional azul seria mantido ou se outras cores seriam usadas nele.

Estaria a editora pensando em mudar a sua marca visual depois de toda a reformulação estrutural que a empresa passou, sem falar na nova e revitalizada linha de quadrinhos que estreou em setembro de 2011 e o objetivo de diversificar sua atuação para além das HQs? Nenhum pronunciamento oficial foi feito até o momento.

O logo usado atualmente pela DC estreou em 2005 e, desde então, vem sendo usado em todos os quadrinhos e produtos relacionados, incluindo jogos de videogames e filmes baseados em seus personagens. O logotipo usado antes disso havia sido criado em 1976.

Marvel revela a capa de Avengers vs X-Men # 1

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Madonna, Lady Gaga, Rihanna e Katy Perry fazem participação no gibi do Batman!

É isso mesmo minha gente nossas divas do POP viraram personagens de histórias em quadrinhos e já estão nas bancas na edição dessa semana da revista “Batman: Leviathan Strikes“.

Lady Gaga, Rihanna e Katy Perry são as vilãs que vivem na St. Hadrian’s School, uma escola adolescente de espionagem. Já nossa rainha Madonna aparece como a diretora do internato que instrui as meninas a cumprir uma missão secreta. Na imagem da revista o nosso morcegão não aparece, então pra saber o que vai acontecer na história só correndo pra banca mais próxima!

A participação das divas do POP será um marco na renovação da DC Comics, pois encerra o enredo escrito por Grant Morrison. A DC Comics decidiu este ano que começará a republicar suas edições deste a primeira.