sábado, 10 de março de 2012
Motoqueiro Fantasma volta a derrapar no cinema...
As boas premissas de "Motoqueiro Fantasma" não se concretizam. O resultado é constrangedor
Nicolas Cage chega aos 48 anos em um momento crítico da carreira ao colecionar uma série de filmes que redundaram em fracassos nas bilheterias. Seus últimos trabalhos de qualidade, o injustiçado "Presságio", de Alex Proyas, o dark "Vício Frenético", de Werner Herzog, e a animação "Astroboy", de David Bowers (ao qual emprestou a voz a um dos personagens), foram todos feitos em 2009 e são gotículas d´água um mar de filmes ruins.
No entanto, esse desleixo do ator em não selecionar melhor os seus trabalhos parece não abalar o seu prestígio, tanto junto aos produtores quanto ao grande público - pelo menos no Brasil, onde qualquer de seus fracassos la fora vira um sucesso de bilheterias aqui dentro. Prova disso é o sucesso deste novo "Motoqueiro Fantasma".
"Motoqueiro Fantasma: espírito de vingança" dá sequência às aventuras do personagem das revistas em quadrinhos criado por Gary Friedrich, em 1968, e que desde 1971 passou a integrar o universo de heróis da Marvel - a qual no mês passado ganhou o processo em que o escritor requeria os direitos sobre o personagem.
O primeiro "Motoqueiro Fantasma", feito em 2007, com direção de Mark Steven Johnson, resultou em um espetáculo interessante em função de alguns elementos filosóficos da história, a qualidade dos efeitos especiais, entre outros. Mas, além de dividir o público e a crítica, e principalmente desagradar aos mais fieis fãs do herói, o filme não deu lucro aos seus estúdios, Columbia e Relativity Média, os quais investiram US$ 110 milhões e as bilheterias contabilizaram apenas US$ 237 milhões de renda mundial.
A Columbia e a Marvel passaram quatro anos preparando o segundo filme do herói, enxugaram o custo de produção para US$ 57 milhões e o transportaram para os "30% a mais" (o 3D) com a certeza de que, desta vez, a história seria diferente. Mas caíram na realidade quando exibiram os trailers na San Diego Comic-Con e os fãs simplesmente se decepcionaram.
"Motoqueiro Fantasma: espírito de vingança" se insere entre as piores adaptações dos quadrinhos para o cinema. O promissor início, realçado com a inserção da animação dos quadrinhos, logo vai se desfazendo e, com 20 minutos, o filme já cai no lugar comum, perdendo qualquer traço de novidade ou originalidade.
Tudo bem que a produção seja caprichada, a fotografia e os efeitos especiais excelentes, a montagem dinâmica, mas o filme, infelizmente, tem aquilo que é fundamental para decretar o seu fracasso: uma história confusa e má estruturada (de autoria de David S. Goyer) recheada de personagens fracos e vilões (sim, tem mais de um) desenxabidos.
Para um filme de ação e aventura se prezar junto ao público, tem que ter um vilão mais brilhante do que o mocinho - Christopher Nolan fez isso com o Coringa de Heath Ledger em seu "Batman - O Cavaleiro das Trevas" (2008).
O mais terrível em "Motoqueiro Fantasma 2" é que, por mais que os diretores Mark Neveldine e Brian Taylor se esforcem em dar unidade, a narrativa se arrasta entre momentos de ação e violência, que pouco fazem para deixar a história mais interessante. O resultado é uma constrangedora aparência de produção "B", descendo ao nível de um "trash" com a risível maquiagem de seus vilões e comandados. Para piorar, observe que o Motoqueiro continua Fantasma à luz do dia.
"Motoqueiro Fantasma: espírito de vingança" é um sucesso de público no Brasil, correndo na contramão do ranking mundial. Por puro prestígio do ator Nicolas Cage junto ao público. Enquanto no Brasil o filme já foi visto por mais de 1,8 milhão de pessoas (renda superior a R$ 22 milhões, confira o Ranking no blog de cinema), nos EUA sua renda é de apenas US$ 45,1 milhões e, no mercado internacional, de US$ 44, 1 milhões. A arrecadação global de US$ 89,232 milhões - indicam os analistas de rankigs -, poderá chegar, no máximo, aos US$ 100 milhões -, representando uma queda de mais de 50% em relação ao primeiro filme.
O "Motoqueiro Fantasma" não deu certo no cinema. É lamentável, especialmente porque há uma imensa probabilidade de que a Marvel desista de produzir um terceiro filme. E a adaptação dos quadrinhos para as telas não dependem apenas de investimentos, mas de criatividade, e, acima de tudo, da aprovação de seus exigentes fãs. "Motoqueiro Fantasma: espírito de vingança" já tinha sido reprovado a partir dos trailers. Uma lição para a Marvel não esquecer.
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