O mix da revista tem mudado um pouco, mas a impressão geral sobre ela continua bastante parecida.
Longe de encantar e causar ansiedades de espera nos seus leitores, Vertigo é uma revista bastante correta, com algumas garantias de qualidade e uma das melhores publicações mensais do Brasil.
Especula-se, com certa razão, que esta é a encarnação menos interessante dos mixes destinados a publicar a linha Vertigo no País. E, ainda assim, é uma das melhores publicações da Panini nas bancas.
Mas quais são as fontes dessas desconfianças? Muito simples: histórias como Hellblazer, de Mike Carey, que são habitualmente ruins e, vez por outra, têm seus bons momentos. Caso exemplar nesta edição.
A primeira trama é um conto de terror que lembra as boas HQs da revista Kripta. Todo o enredo se desenvolve ao redor dos pertences mágicos de Constantine e usa o próprio mago como personagem secundário. A arte de Leonardo Manco casa bem com o argumento e o resultado é dos melhores.
Como era de se esperar, no entanto, há um "porém". A segunda história trata da premissa absurda dos filhos de John Constantine aprontando todas por Londres. Se em vários arcos anteriores as tramas de Carey começavam bem e terminavam mal, essa já se inicia na lama. Espera-se que o autor tenha optado pelo contrário e entregue aos leitores um grande desfecho.
Na sequência, aquela que normalmente é a melhor HQ da revista, Escalpo. Também emblematicamente, ela traz um bom roteiro (nada que o próprio Jason Aaron não tenha feito melhor antes), e um traço muito inconstante. Há variação de proporção, de rostos e de expressão criando uma barreira para a leitura. Mas, entre perdas e ganhos, o leitor ainda tem um pequeno lucro.
Segue-se a esticada Joe, o bárbaro, na qual há um único quadrinho revelador e o resto é a competente arte de Sean Murphy. Até essa sexta parte a HQ tem se revelado de um didatismo entediante, que não parecia fazer parte dos recursos narrativos de Grant Morrison. Será que vale esperar por uma grande reviravolta final?
A revista fecha em alta com a aventura muito bem escrita por Scott Snyder Vampiro americano. Se habitualmente a arte de Rafael Albuquerque é destaque, desta vez é o roteirista que entrega um texto no nível de seu desenhista. Com vários pontos de viradas bem colocados, quando o leitor acha que acabou, vem um afiadíssimo gancho para a próxima edição.
E nesse balanço de qualidades a revista segue seu rumo. Às vezes um pouco trôpega, mas nunca deixando os leitores insatisfeitos.
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