quarta-feira, 14 de março de 2012

Wilson, mas pode chamar de Woody Allen...

Daniel Clowes é o quadrinista americano que levou o mundo adolescente dos anos 90 para as páginas das HQs com Ghost World. Lança agora sua primeira graphic novel, Wilson, que chega ao Brasil pela Quadrinhos na Cia. dois anos depois de ser lançada nos EUA. É bacana e engraçada? É. Mas não muito mais que isso.

A história que Wilson conta é a desse sujeito de meia idade, neurótico, amargo, sarcástico, niilista e algo melancólico, mezzo-intelectual para quem tudo dá errado. Você conhece um personagem assim, não? Pois é, e Wilson tem também os mesmo óculos pretos e grossos, iguais aos de Woody Allen. Coincidência o nome de ambos começarem com W, não?

Uma das coisas louvadas pela crítica em Wilson é que cada página conta uma pequena passagem da vida do sujeito e pode ser lida em separado da história toda. Assim que vi como a coisa funciona em Wilson, não pude deixar de pensar nos quadrinhos que Stuart Hample fez para… Woody Allen – especialmente em A vida privada de Woody Allen.

Teve outra edição do trabalho de Hample com Allen no Brasil, num livreco chamado O nada e mais alguma coisa, que também era assim, cada página uma historieta e uma noção final de conjunto. Não foi o Clowes quem inventou o sujeito neurótico de óculos grossos, muito menos o recurso das páginas com uma piada.

Cada página-piada, porém, retrata um Wilson diferente, desenhado de maneira diferente. É o mesmo personagem, com as mesmas características físicas, mas com traços diferentes. O “jeito” do sujeito deve refletir seu estado de espírito, essa deve ser a intenção da mudança no desenho do personagem, mas nem sempre funciona, ou seja, se o Wilson tivesse sido desenhado de um único jeito tudo funcionaria da mesma maneira.

Wilson está naquele momento da vida em que procura um pouco de paz. O pai morreu, ele vai atrás da mulher que o abandonou. Reencontra a mulher e fica sabendo que ela teve uma filha dele, que acabou indo para a adoção. Eles vão atrás dela e as coisas se complicam. Tudo é contado com um toque melancólico, mas ele, o Wilson, está sempre ali fazendo seu papel de Woody Allen.

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