Concebido por Joss Whedon, o fenômeno pop Buffy - A caça-vampiros surgiu de sua vontade de explorar o que aconteceria se uma jovem garota vítima desses sugadores de sangue pudesse reagir à criatura das trevas.
A personagem apareceu primeiro num obscuro filme para cinema e estrelou sete temporadas de sucesso na TV, sempre mesclando os dilemas da adolescência com a ameaça dos vampiros, demônios e seres sobrenaturais.
Investindo na ideia de que a vida no colégio é um inferno, com coadjuvantes bem construídos e linguagem moderna, a série conquistou uma legião de fãs com suas metáforas para amadurecimento. Buffy logo chegou aos quadrinhos pela Dark Horse, com histórias que corriam em paralelo aos episódios televisivos. Com o tempo, trataram também de expandir a mitologia. E essas histórias foram reunidas cronologicamente em sete volumes no formato omnibus.
Na primeira história do encadernado, Buffy sequer aparece. All´s Fair, assinada por Christopher Golden e Eric Powell, é sobre o casal de vampiros Spike e Drusilla, que causou sensação quando estreou na segunda temporada da série e repete a dose nos quadrinhos.
Depois surgem as narrativas estreladas pela caçadora, e o conteúdo surpreende. Buffy: The Origin é adaptada do roteiro original do filme da heroína, mas deixando de lado o clima da produção e adotando a atmosfera da TV. E é um deleite para os fãs acompanhar os primeiros momentos da personagem como caçadora de vampiros, descobrindo a vocação e aceitando seu destino.
Mais dois arcos presentes neste álbum são escritos em parceria por Scott Lobdell e Fabian Nicieza, roteiristas que causaram polêmica na década de 1990 por seu trabalho com os mutantes da Marvel. Aqui, eles têm mais liberdade para explorar o passado de Buffy, criando situações inusitadas que servem de prelúdio para a primeira temporada da série.
Assim, em Viva las Buffy, há uma divertida narrativa da jovem exterminadora de demônios arrasando em Las Vegas. Embora muito bem-humorada, a história funciona ao mostrar como sua missão a afastaria das pessoas que ama e cobraria um alto preço. Ainda mais dramática é Slayer, Interrupted, na qual a família de Buffy descobre seu diário e decide interná-la numa instituição psiquiátrica.
Por serem situadas antes do primeiro episódio da série, essas histórias não apresentam os melhores amigos de Buffy, Xander e Willow. Ainda assim, tratam de mostrar o que acontecia com outros coadjuvantes: Giles, o bibliotecário que assume a função de sentinela da caçadora, e o vampiro Angel, seu eterno amor. Tais elementos enriquecem a mitologia de Buffy e valorizam sua vida nos quadrinhos.
As histórias capturam bem o tom do seriado, e tudo soa bem natural. Uma preciosidade desteomnibus é o conto Dawn e Hoopy The Bear, sobre um bichinho de pelúcia mágico enviado para matar Buffy, mas que acaba nas mãos de sua irmã menor. Cliff Richards, que ilustra a maioria das histórias, faz bonito com um estilo dinâmico que resulta em páginas cheias de vida.
O encadernado tem introdução do editor Scott Allie e inclui as capas originais, além de pequenos pôsteres. E Buffy - A caça-vampiros entra para o seleto grupo de séries de TV que renderam boas histórias em quadrinhos.
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