O lendário escritor e artista Jerry Robinson morreu ontem, dia 8 de dezembro, enquanto dormia, na cidade de Nova York. Ele tinha 89 anos e sua importância para o mercado de quadrinhos é igualmente grande, tanto pelas histórias que produziu quanto pela sua atuação como defensor dos direitos dos profissionais da área.
Robinson nasceu no dia 1° de janeiro de 1922 e começou a trabalhar com quadrinhos aos 17 anos, a convite de Bob Kane, criador do Batman. Na época, ele era estudante de jornalismo naUniversidade de Columbia e ajudou a definir o personagem como o conhecemos hoje. Kane havia acabado de publicar a primeira aparição do Cavaleiro das Trevas em Detective Comics # 27, quando Robinson começou a ajudá-lo letreirando e arte-finalizando as histórias. Depois, começou a desenhar, muitas vezes sem ser creditado pelo trabalho.
Sua influência no desenvolvimento do Batman foi grande, ajudando a definir o visual e personalidade do herói. Em 1940, foi, ao lado de Bill Finger, cocriador de Robin. No mesmo ano, foi dele a ideia daquele que seria um dos maiores vilões dos quadrinhos: o Coringa.
Robinson também trabalhou produzindo histórias para os gêneros de romance, crime e tiras em quadrinhos.
Fora da prancheta, ele foi uma pessoa atuante para que os direitos dos artistas da área fossem assegurados e, tendo presidido associações como Association of American Editorial Cartoonists eNational Cartoonists Society, ajudou Jerry Siegel e Joe Shuster na luta pelo reconhecimento dos dois como criadores do Superman.
Desde a década de 1970, ele era curador em várias galerias de artes, fazendo exposições de desenhos originais da Era de Ouro dos quadrinhos, que só continuaram existindo por causa do seu interesse em preservar a história da nona arte.
Além disso, convidado pela Organização das Nações Unidas (ONU), produziu grandes exibições ao redor do mundo - inclusive no Brasil.
Em 2004, ele entrou para o Comic Book Hall of Fame. Nos os últimos anos, trabalhava para a DC Comics como consultor criativo, além de ajudar diversas associações de cartunistas e ser presidente e diretor editorial da CartoonArts International e Cartoonists & Writers Syndicate.
No ano 2000, a produtora carioca Scriptorium Films, de Marisa Furtado de Oliveira e Paulo Serran, fez um documentário de 90 minutos sobre a vida e carreira de Jerry Robinson. O filme fazia parte da série Profissão Cartunista, que antes já tinha lançado uma edição com outra lenda da indústria: Will Eisner.
O artista veio ao Brasil para a estreia oficial do filme, mas acabou sofrendo um enfarte em São Paulo e passou vários dias internado. Na época, o Universo HQ acompanhou de perto o estado de saúde de Jerry Robinson e divulgou diariamente os boletins médicos emitidos pelo hospital, para que os fãs ficassem a par da evolução de seu quadro clínico.
A reação da indústria quanto ao falecimento de Jerry Robinson foi rápida e vários criadores e editores prestaram suas homenagens.
A DC Comics relembrou o artista por meio de declaração de seus coeditores Jim Lee e Dan Didio. "Todos que amam os quadrinhos têm com Jerry um débito de gratidão pelo rico legado que ele deixou", afirmou Lee. Já Didio destacou a luta de Robinson em prol dos criadores da área e afirmou que ele foi um dos maiores deles.
"Deixo meu triste adeus a Jerry Robinson, cuja vida de amor aos quadrinhos e seus amigos criadores foi uma inspiração", declarou Paul Levitz, ex-presidente da DCe atual escritor da Legião dos Super-Heróis. "Ele foi uma força motriz na nossa área. Um criador e artista magistral e seu amor pelo trabalho fez com que se tornasse um dos poucos a preservar as belas artes originais em uma época que eram consideradas sobras descartáveis."
Neal Adams também se pronunciou: "Acabamos de perder não somente um dos maiores gênios das histórias em quadrinhos do nosso tempo, mas também único daquela geração. Um homem, um ativista e um irmão. Sim, até mesmo na primeira geração de artistas havia verdadeiros revolucionários que saíram para outras áreas da arte e pensamento. Vocês jamais conheceram Jerry como eu e garanto que se tivessem conhecido seriam uma pessoa melhor. Com certeza, sou uma pessoa melhor por tê-lo conhecido".
Mark Waid, Joe Staton, Peter Sanderson, Elliot S! Maggin, Paul Kupperberg, Bob Harras, Mike Marts, Jimmy Palmiotti, Judd Winick, J.H. Williams, Gail Simone, Brad Meltzer, Chuck Dixon, Adam Beechen e Marv Wolfman foram alguns dos que também prestaram suas homenagens.
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